Por Marília Scalzo para a Revista Cláudia
Graeme Montgomery/Getty Images
O alerta está lançado: as próximas guerras serão desencadeadas pelo acesso a água, comida e energia.
Com isso, abre-se um novo capítulo na era dos conflitos bélicos por recursos naturais, que começou em 1990, quando o Iraque invadiu o pequeno Kuwait em busca do controle do petróleo.
Especialistas como Michael T. Klare, professor de estudos sobre paz e segurança mundial do Hampshire College, nos Estados Unidos, acreditam que questões políticas, religiosas ou ideológicas ficarão em segundo plano e a briga será por essas riquezas essenciais à sobrevivência das populações.
Já no ano passado, o ministro do Interior britânico, John Reid, ressaltava que conflitos como os que ocorrem na região de Darfur, no sudoeste do Sudão, desde 2003, já se davam pelo acesso à água e a terras cultiváveis.
Os piores cenários pintados como conseqüência das mudanças do clima mostram países inteiros assolados por catástrofes e populações famintas e sedentas.
E a escassez de água não será só um problema dos países pobres, dizem os especialistas. A busca por recursos vitais vai se tornar um problema global, que exigirá soluções globais. Para resolver as questões urgentes que garantirão a preservação da água no planeta, cada um terá que fazer a sua parte.
No Brasil, temos uma situação maravilhosa se comparada a outros países. Somos os reis da água doce, com a maior reserva do planeta. Só para dar uma idéia: o Brasil dispõe anualmente de 45.570 m³ de água per capita, enquanto o Kuwait, um dos reis do petróleo, tem apenas 10 m³. O Kuwait, aliás, importa água há muitos anos do Iraque, e essa é uma questão estratégica, pois ali chove pouco e o solo vem se deteriorando de vido ao uso de água salgada para irrigação.
Mesmo com sua situação privilegiada, o Brasil não pode bobear. Muito da nossa água já está contaminada e em várias regiões a população sofre com a falta dela ou com péssimas condições de saneamento.
Os números divulgados nos últimos relatórios da Organização das Nações Unidas e de ONGs que se dedicam a esse problema são realmente assustadores.
É hora de arregaçar as mangas e fechar as torneiras. Cada litro poupado é importante, por isso não é o caso de esperar apenas por ações governamentais.
Embora seja necessário batalhar por políticas públicas sustentáveis, cada um de nós pode começar a sua luta particular. E o primeiro passo é a conscientização.
QUESTÕES VITAIS
No Brasil
– Somos o país mais rico do mundo em reservas hídricas, contendo 13,7% da água doce disponível na Terra.
– 40 milhões de brasileiros não têm acesso à água.
– 70% das internações hospitalares são causadas por doenças relacionadas à contaminação da água.
– Em São Paulo, estima-se que 70% da poluição das águas é de origem doméstica e 30% de origem industrial.
– O índice de desperdício de água no Brasil chega 40%, contando o setor de produção e as residências.
No mundo
– 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso água potável em quantidade suficiente.
– As doenças diarréicas e a malária, que podem ser combatidas com saneamento básico, mataram cerca de 3,1 milhões de pessoas em 2002; 80% das vítimas eram crianças com menos de 5 anos.
– Há dez anos, a ocorrência de catástrofes naturais se intensificou e 90% delas estão ligadas à água. Duas em cada cinco pessoas vivem hoje em zonas suscetíveis à inundação.
– Diariamente, são utilizados 600 litros de água por pessoa nos Estados Unidos; 358 na Itália; 9,3 em Moçambique; e 4,5 em Gâmbia.
O QUE FAZER JÁ
– Tome banhos mais curtos.
– Se fechar a torneira na hora de escovar os dentes ou lavar as mãos, gastará até 2 litros de água. Caso contrário, consumirá 12 litros.
– Se fechar a torneira da pia da cozinha enquanto ensaboa a louça, economizará 70 litros. Antes de lavar pratos e panelas, remova bem a sujeira e não deixe restos de comida ou de óleo irem pelo ralo.
– Troque válvulas de descarga por caixas econômicas. Cada descarga com válvula consome entre 10 e 30 litros de água; a caixa gasta cerca de 6 litros.
– Conserte as torneiras que estão pingando. Cada uma pode perder mais de 40 litros por dia. Reutilize a água usada na lavagem de roupas para limpar pisos e calçadas. Troque o esguicho por vassoura e balde.
– Use a máquina de lavar roupas com a carga máxima.
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A água deve ter transparência, pureza de gosto e estar isenta de microorganismos que causam doenças para poder ser usada pelo homem.
Para mantê-la assim – como é originalmente na natureza – ela não pode ser contaminada com nenhum tipo de resíduo, seja agrícola (de natureza química ou orgânica), de esgotos, de indústrias, lixo ou sedimentos vindos da erosão.
A contaminação por agrotóxicos usados em plantações e pastos é hoje das mais graves para os lençóis freáticos e para os rios que recebem grandes doses de produtos químicos levados pela chuva.
Os resíduos gerados pelas cidades, como lixo, entulhos e produtos industriais tóxicos também são carreados para os rios com a ajuda das chuvas. A poluição e a escassez da água potável afeta ricos e pobres.
Nos países de maior poder econômico, ela é resultado da maneira desequilibrada com que a sociedade se organizou – o excesso de produção e de consumo e a inconsciência á respeito da relação entre o ciclo produtivo e os ciclos vitais da natureza afetam diretamente a condição hídrica. Nos países pobres, o problema se agrava pela falta de saneamento básico e de legislação com relação a detritos industriais.
Distribuição de Água per capita em alguns países
Guiana Francesa
812.121 m³
Islândia
609.319 m³
Guiana
316.689 m³
Suriname
292.566 m³
Congo
275.679 m³
Papua Nova Guiné
166.563 m³
Gabão
133.333 m³
Ilhas Salomão
100.000 m³
Canadá
94.353 m³
Nova Zelândia
86.554 m³
Brasil
45.570 m3
Kuait
10 m³
Emirados Árabes
58 m³
Bahamas
66 m³
Qtar
94 m³
Maldivas
103 m³
Líbia
113 m³
Arábia Saudita
118 m³
Malta
129 m³
Cingapura
149 m³
Jordânia
179 m³
Fonte: Relatório das Nações Unidas sobre os Recursos Hídricos (2006)
Xico, parece que as pessoas sempre deixam para resolver os problemas quando se tornam insuportáveis. Tantos avisos sobre a crise da água, e as pessoas continuam lavando calçadas pela manhã, que é o máximo do desprezo pela água.
O Brasil será o próximo país a fazer parte da ‘Guerra’, mas não por petróleo e sim por ´Agua’, temos que ter consciência : cada um fazer a sua parte, ou abusar e esperar as consequencia chegar, ai sim, com a realidade na casa de cada um ,pensarão em tomar caltelas e será tarde de mais…….