Por Damián Wroclavsky para a Reuters
Alberto Rodriguez Saá
BUENOS AIRES – Alberto Rodríguez Saá, candidato à Presidência da Argentina pelo ramo do peronismo contrário ao atual governo do país, promete dar uma "lição eleitoral" em outubro, revertendo a boa vantagem atribuída pelas pesquisas à primeira-dama do país, senadora Cristina Fernández de Kirchner.
Último a ingressar na corrida presidencial rumo ao pleito de 28 de outubro, Rodríguez Saá aposta que conseguirá levar Fernández, maior rival dele e membro do mesmo partido, a um segundo turno, quando então conseguiria derrotá-la.
"Temos um teto de vôo mais alto do que o dos outros candidatos. Somos o candidato imprevisível, apto a dar uma lição eleitoral ao governo do presidente Kirchner (Néstor Kirchner)", afirmou.
Artista plástico, cinéfilo e duas vezes governador da pequena Província andina de San Luis, Rodríguez Saá defende a bandeira da justiça social levantada por seu partido, mas, no âmbito econômico, tende a postura liberal que tanto criticam Kirchner e a mulher dele.
"Não à inflação, sim a uma moeda forte e a salários fortes", disse, destacando o elemento mais frágil do modelo econômico do atual governo, a forte elevação dos preços.
As últimas pesquisas de intenção de voto, que já faz tempo não figuram no panorama eleitoral argentino, indicaram que Fernández vencerá a disputa sem a necessidade de disputar um segundo turno.
Nessas enquetes, Rodríguez Saá não havia surgido ainda como a outra opção peronista. O candidato, porém, diz já estar lutando pelo segundo lugar.
As pesquisas mais recentes, publicadas em sua maioria em agosto, atribuíam a Fernández algo entre 45 e 49 por cento dos votos, diante de um total de 8 a 15 por cento para a candidata de centro-esquerda Elisa Carrió e para o centrista Roberto Lavagna.
Menem e o irmão do candidato
Rodríguez Saá participa de uma frente política na qual se encontram dois ex-presidentes: Carlos Menem, alvo preferido das críticas de Kirchner, e Adolfo Rodríguez Saá, irmão do candidato e que ficou no cargo apenas uma semana, durante a profunda crise econômica enfrentada pelo país em 2001.
O partido peronista está mergulhado em uma situação caótica, o que explica o fato de não realizar primárias para eleger um candidato único.
Fortalecido com a arrasadora vitória de agosto nas urnas, quando manteve o governo de sua Província obtendo mais de 80 por cento dos votos, Rodríguez Saá ataca Kirchner ferozmente e não lhe dá crédito pela contundente recuperação econômica do país.
"A Argentina recebeu os bons ventos da economia mundial. E mesmo os bons ventos não levaram a Argentina a um porto seguro", afirmou, citando o amplo fosso que separa os ricos dos pobres no país e a ostensiva ingerência pública nos mercados.
"É preciso tirar as mãos da economia. Cada controle de preços determinado pelo Poder Executivo transforma-se em um nicho de corrupção", argumentou.
A Argentina registra o quinto ano consecutivo de expansão de seu Produto Interno Bruto (PIB) com índices superiores a 8 por cento ao ano, um recorde absoluto. E o país conseguiu melhoras em quase todos os indicadores sociais.
Com 58 anos de idade e casado com a atriz Esther Goris, que protagonizou a mítica figura de Eva Perón em um filme de 1996, Rodríguez Saá promete que, se assumir o poder, mudará o atual sistema de distribuição de impostos.
Segundo a opinião dele, o atual esquema concentra dinheiro demais nas mãos do governo federal e é usado para cooptar as províncias do país.